quarta-feira, 23 de julho de 2014

Oportunidade perdida na Avenida Rio Branco

Matéria de hoje n'O Globo, fala dos 5 meses de mudanças na Avenida Rio Branco em virtude das obras que estão modificando a cidade para receber os Jogos Olímpicos de 2016. Infelizmente, a reportagem relata o caos vivido no dia a dia da avenida, com camelôs e trangressões de pedestres, motociclistas e motoristas...

Quando começaram as modificações eu pensei que poderia ser uma grande chance de mudança cultural na cidade, também com vista aos Jogos Olímpicos. O esquema de 2 faixas de tráfego (mão dupla) poderia levar a um melhor ordenamento de pedestres e a um maior respeito dos motoristas aos cruzamentos. Ledo engano!

5 meses após, convivemos com a mesma baderna de sempre! Camelôs tomam as calçadas, vendendo tudo que se pode imaginar e tornando o deslocamento a pé um horror. Motoristas de ônibus continuam fechando os cruzamentos, em parte pela quase inexistência de treinamento em suas empresas, em parte por problemas de falta de sincronia dos semáforos e em parte pela ineficiência dos agentes de trânsito que quase nada fazem ou veem.

Os pedestres se aventuram no meio das duas faixas de tráfego, se arriscando para 'ganhar' míseros segundos no estresse do Centro do Rio. A observação deste constume, nos rende uma boa reflexão sobre nossas ansiedades e neuroses. Não somos mais capazes de esperar alguns minutos por um sinal fechado!? A utilização da faixa de pedestres também não é uma prioridade para a maioria.

Infelizmente, a Prefeitura não se preparou para induzir uma mudança de comportamento na população e estamos perdendo mais uma ótima oportunidade de ordenar o Centro do Rio. Será que quando as obras estiverem prontas, nos comportaremos de outra forma? Acho difícil. Curiosamente, não há registro de acidentes graves. O que não deixa de ser um motivo para comemorar.

Vilmar Miranda
Doutor em Engenharia de Transportes, professor e há mais de 15 anos trabalhando para uma melhor segurança de trânsito no Brasil. Leia Mais sobre o autor...

sexta-feira, 18 de julho de 2014

6 coisas que você deveria saber sobre o uso do celular no trânsito.

Cada vez mais o uso do celular se impõe como um dos grandes riscos atuais para a segurança de trânsito no mundo. Apesar disso, ainda vemos várias pessoas, inclusive do nosso círculo de amizade, insistindo em usar o celular enquanto dirige.

Isto é extremamente perigoso, pelos motivos que vamos ver a seguir:

1. Não é uma questão de habilidade na direção; é o seu cérebro - o problema do celular na direção não tem relação com a forma como se dirige ou com a sua habilidade. É um problema de limitação da capacidade do cérebro de executar duas tarefas complexas ao mesmo tempo. Ao usarmos o celular há uma queda de 37% na atividade do lobo parietal (área crítica para a percepção espacial e navegação) e também há uma redução na atividade do lobo occipital (processamento de informações visuais), funções extremamente importantes para o desempenho da tarefa de dirigir. Por isso também se deve evitar o uso de dispositivos viva-voz ou bluetooth;

2. É muito mais perigoso que conversar com o passageiro - ao conversar com o passageiro, todos estão inseridos no mesmo ambiente. Logo, em caso de situações de risco no trânsito, o passageiro reduz a conversação ou mesmo se cala. O que não ocorre quando estamos falando ao celular;

3. Você reduz a sua velocidade e tem dificuldade de se manter na faixa de tráfego - passe a reparar quando o motorista à sua frente reduz subitamente a velocidade ou fica com o carro 'dançando' na via. Quase com certeza ele está falando ao celular. O pior é que isto ocorre em qualquer tipo de via, inclusive nas de trânsito rápido;

4. No Brasil falar ao celular enquanto dirige é proibido - além dos motivos técnicos, há a questão legal. No Brasil, falar ao celular enquanto se dirige é proibido e seu uso pode gerar multas;

5. Se falar é ruim, digitar é muito pior - apesar dos conhecidos riscos de falar ao celular na direção, o avanço da tecnologia e o surgimento dos smartphones gerou um risco ainda maior, teclar enquanto se dirige (texting, em inglês). Nesta situação se é obrigado a desviar o olhar da via, maximizando o risco. O uso de conversas instantâneas ou postagens em redes sociais já gerou vários acidentes que foram amplamente noticiados;

6. Também é ruim para o pedestre - do mesmo modo que atrapalha os motoristas, usar o celular para postar mensagens também atrabalha o pedestre. Estudo recente da Universidade de Ohio mostrou que entre 2007 e 2010, quase triplicou o número de pedestres feridos por estarem utilizando celular. Este ano, no Rio, um jovem morreu atropelado jogando game no celular!

Caso curioso e que ilustra bem o risco do uso do celular ocorreu em 2011 nos Emirados Árabes. Uma queda na rede BlackBerry durante 3 dias gerou uma redução de 40% nos acidentes de trânsito em Abu Dhabi e 20% em Dubai, pois os motoristas não puderam acessar os serviços de mensagens de texto.

Assim, a dica é fazer suas ligações antes de sair com o carro e colocar o seu telefone na sua bolsa e sua bolsa no porta-malas, para não se sentir tentado a usar o celular. A tecnologia é ótima, mas deve ser utilizada como aliada e não gerar um risco adicional.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Recall: assunto sério para você!

Se você tem carros Agile ou Montana da Chevrolet no Brasil (GM nos EUA) é bom ficar atento. A montadora americana está fazendo um grande recall de modelos ano 2014 e 2015 destes dois veículos.

Segundo o site da montadora houve uma "possível montagem de um componente incorreto no airbag frontal do lado do motorista, o que compromete a vazão do gás para o interior da bolsa, além de causar o confinamento indevido do gás no interior do gerador de gás do airbag".

O mesmo site esclarece que os riscos seriam a "não deflagração do airbag em eventual colisão, podendo causar lesões graves em especial na cabeça e na parte superior do corpo do motorista. Além disso, pode ocorrer o rompimento súbito do gerador de gás do airbag, o qual pode expelir fragmentos para o interior do veículo, podendo causar lesões graves ao motorista e aos demais ocupantes". E ainda pode o dispositivo não funcionar corretamente na ocorrência de um acidente.

Preocupante saber que a mesma GM está enfrentando processos nos Estados Unidos e fazendo um imenso recall em veículos fabricados naquele país por defeito na ignição. Lá, alguns acidentes geraram mortes e indenizações.

Vilmar Miranda
Doutor em Engenharia de Transportes, professor e há mais de 15 anos trabalhando para uma melhor segurança de trânsito no Brasil. Leia Mais sobre o autor...


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