quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Por que os pedestres atravessam fora da faixa?

Esta semana o Bom Dia Rio fez uma excelente matéria sobre os pedestres atravessando a rua fora da faixa, próximo à Central do Brasil, local de grande movimento de pedestres no Centro do Rio de Janeiro.

Nesta região, recentemente, foram instalados gradis para impedir que os pedestres atravessassem fora da faixa, mas estas grades já foram danificadas, permitindo que se continue transgredindo a lei.

Curiosamente, vários entrevistados na reportagem alegaram pressa para atravessar fora da faixa, mas a grande maioria atravessava sem correr, derrubando o seu principal argumento. Na verdade, a pressa serve como desculpa para várias das nossas transgressões de trânsito.

Infelizmente, as travessias (ou sinais) não respeitam uma lógica básica na sua implantação: elas deveriam ser instaladas na linha de desejo da maioria dos pedestres. Tem que se ficar no local, observar os fluxos de pedestres e fazer a travessia onde a maioria atravessa. A seguir, se deveria fazer uma campanha de esclarecimento sobre a faixa, a importância do gradil para proteção das pessoas e, finalmente, se fiscalizar o cumprimento das travessias. Durante um bom tempo esta fiscalização deveria ser educativa.

Particularmente, não vejo com bons olhos partir para multar os pedestres! Se pensarmos no nível de instrução da nossa população, veremos que grande parte não percebe os riscos de atravessar fora dos locais corretos e se deixa levar por um comportamento desordeiro. Um trabalho de educação traria bons frutos. Diferentemente do motorista, o pedestre não recebe instrução sobre as leis de trânsito e sobre como se comportar a pé nas ruas. Não há carteira de habilitação para pedestres.

Paralelamente, também se deveria fazer um estudo das condições do local, redimensionando tempos de sinal para permitir uma travessia segura do fluxo de pedestres. O que, geralmente, não ocorre. Tradicionalmente, os ciclos semafóricos são dimensionados para privilegiar a fluidez do tráfego de veículos, impondo atrasos incômodos para os pedestres. Facilitar o uso da passagem subterrênea do metrô também seria uma boa ideia para a região da Central.

Educar e fiscalizar dá trabalho, mas traz muitos benefícios no longo prazo. E poderíamos aproveitar o fato de termos as Olimpíadas em 2016 e melhorar o comportamento dos nossos pedestres.

Vilmar Miranda
Doutor em Engenharia de Transportes, professor e há mais de 15 anos trabalhando para uma melhor segurança de trânsito no Brasil. Leia Mais sobre o autor...

Nenhum comentário:

Intense Debate Comments

Este blog tem atualmente:

Widget by SemNome