quarta-feira, 9 de maio de 2012

A polêmica das bicicletas no Rio.

Um dos assuntos mais falados no Rio nesta semana foi o caso das bicicletas elétricas.

De um lado o Contran alegando que já existe resolução que equipara as bicicletas elétricas aos ciclomotores (e portanto, deveria ser exigido habilitação, capacete etc. para o condutor), de outro o prefeito alegando que as bicicletas elétricas devem ser liberadas para uso irrestrito. Creio que este assunto deve ser encarado com muita cautela e sem paixões.

Como técnico e usuário das ciclofaixas do Aterro, vejo com muita apreensão a difusão da ideia de que bicicletas e bicicletas elétricas (e-bike) são a mesma coisa. Tenho visto alguns destes veículos em velocidades incompatíveis com as faixas compartilhadas com os pedestres.

Penso que haverá um aumento do risco de acidentes com pedestres se estas e-bike se disseminarem, o que já ocorre em outros locais onde seu uso é mais intensivo. Em vários países há preocupação da legislação em deixar bem amarrada a velocidade máxima que as e-bike podem atingir (variando de 25 a 32 km/h em locais como EUA, Austrália e União Europeia). Isso é diretriz para o fabricante, ou seja, as e-bike têm velocidade limitada. Claro que a estas velocidades já é possível machucar seriamente um pedestre, ainda mais se for idoso ou criança.

Também questiono a argumentação ambiental do uso das e-bike, pois ainda que elas sejam melhores que os carros, elas têm baterias que deverão ser descartadas algum dia. Neste ponto perdem para as bicicletas!

Outro ponto que as bicicletas são superiores é na questão da saúde, pois a atividade física feita na bicicleta tradicional é maior que na e-bike.

Penso que se deveria gastar este tempo com campanhas para incentivar o uso da bicicleta tradicional, o uso do capacete nos deslocamentos com bicicleta e para melhorar as condições das ciclovias e ciclofaixas da cidade, em vez de ficar numa guerra política (e marqueteira) sobre e-bike.

Vilmar Miranda
Sou doutor em Engenharia de Transportes, professor e há mais de 15 anos estudo os problemas da segurança de trânsito no Brasil. Leia Mais sobre o autor...

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